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Faz este verão 7 anos desde que a Moody's baixou o rating em Portugal para 4 níveis, classificando o estado como 'lixo'. Soou mal, como a maioria das coisas soam em português. Tudo perde a sua sofisticação quando é dito em Português.

Ainda estou à espera do dia em que uma marca de carros lança o modelo "XPTO RS Desporto".  


Voltando ao lixo... Não foi bonito ter esta classificação, ou melhor: ouvir esta classificação. Os portugueses revoltaram-se e muitos foram os protestos contra "estas agências de rating que especulam e dizem barbaridades". Foram feitos vídeos, músicas, memes (sim, memes era algo indie em 2011)... Toda a gente falava dos ratings. Até nas mais modestas tabernas onde a única escala que conheciam era a de medir o mosto se falou nisto. "Aqueles tipos chamaram-nos lixo!" Dizia o Ti Manel sem saber sequer do que se tratava. Mas sabia que era ofensivo. Esta ofensa criou revolta (como já disse acima) e essa revolta gerou indiferença.

"- Olha esta notícia... A Fitch mantém o nosso tating...
- Meh, quero lá saber o que é que esses filhos da puta dizem de nós. Vale o que vale. Eles nem estão cá para saber, falam de cor..."

"- A Standard & Poor's também desceu o nosso rating...
- Poors são eles. De espírito! Não ligues ao que eles dizem."

É esta a indiferença. Se não gostas do que eles dizem, ignora-os. E foi o que os portugueses começaram a fazer com estas agências. "Tipo que eu 'tou mais faking do que agências de rating", já dizia o Mike El Nite.

6 anos depois, a economia dá sinais. (De melhoria ou não, depende da visão de cada um, mas podemos deixar essa discussão para outro dia, prometo!) Há mais tudo. Portugal desequilibra todos os indicadores e balanças. Ao jantar há caviar na mesa e uma TV ligada, transmitindo as notícias que alegam melhorias na economia. Mais logo haverá fogo de artifício. Não por ser passagem de ano, mas sim porque até a mais pequena festa da aldeia suportada pelos donativos dos habitantes voltou a respirar melhor e a ver o seu orçamento aumentado para comprar engenhos pirotécnicos. Há um certo de clima e alegria na sociedade. Ganhar europeu de futebol e a Eurovisão deixaram de ser coisas utópicas. Já ganhámos as duas. E a festa não pode parar.

Mas e se... Uma agência de rating voltar a dar notícias? Este cenário muda? Deixa de haver indiferença e acaba a festa? Ou será que a festa continua e os portugueses ignoram o que "aquela agência americana" tem para dizer?
Nem uma coisa nem outra. 

Se a notícia por acaso for algo do género "DBRS sobe o rating de Portugal". Continua-se a festa. E dá-se credibilidade à notícia com a devida pompa e circunstância, porque são boas notícias e se vêm de uma agência de rating então tem o seu fundamento.



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